É muito importante realizar a higienização total da boca usando escova de dente, fio dental e higienizadores de língua. As escovas dentais podem ser um instrumento de transmissão de microrganismos como coliformes fecais, Streptococcus, Stafilococcus, Pseudomonas e Corynebacterium, além da microbiota residente na cavidade bucal e alguns vírus. Alguns microrganismos podem permanecer viáveis na escova por 24 horas até 7 dias.
Fluídos da boca e do nariz são as maiores fontes de disseminação do coronavírus. Estudo recente, publicado no New England Journal of Medicine, descobriu que o vírus é viável por até 72 horas em plásticos. Estes vírus podem sobreviver por mais de 24 horas em temperatura ambiente nas superfícies plásticas da cabeça da escova, cabo e cerdas de nylon.
É de extrema importância a correta limpeza e armazenamento das escovas para diminuir e, se possível, evitar a sua contaminação. A American Dental Association recomenda que as escovas dentais sejam guardadas na posição vertical, em local arejado, sem umidade, separadas uma das outras, e que sejam lavadas abundantemente em água corrente, removendo resíduos de dentifrício. Devemos prestar atenção se as escovas estão próximas do vaso sanitário, pois no momento da descarga, partículas de água são jogadas no ar, um spray de germes, podendo contaminar as escovas.
A higienização e descontaminação das escovas de dente e raspadores de língua pode ser realizada através da imersão em clorexidina 0,12%(ex.:Periogard) e enxaguatórios bucais contendo cloreto de cetilpiridíneo (ex.: Plax).
O uso de hipoclorito de sódio 0,08% (ex.:KiBoa) foi efetivo na descontaminação de escovas dentais contaminadas num tempo de imersão de 15 minutos. Esta concentração de 0,08% foi obtida pela diluição da água sanitária na proporção de uma colher de sopa do produto em um litro de água. O hipoclorito é uma substância de baixo custo, de fácil acesso e um bom candidato a ser adotado para a indicação de armazenamento e limpeza das escovas. Cabe, no entanto, salientar o impasse que é a sua toxicidade quando em contato direto com os tecidos bucais estando em altas concentrações. Por isso recomenda-se o uso do mesmo em menores concentrações de forma a superar essa problemática e prosseguir com o enxágue completo da escova dental após a realização de todo processo de desinfecção.
Dentre os agentes químicos testados, a clorexidina a 0,12% apresentou os melhores resultados devido ao seu alto potencial antimicrobiano e sua baixa toxicidade em níveis controlados, além de ser considerada uma substância tolerável aos tecidos bucais.
O álcool 70% não é o produto mais indicado para imersão das escovas, pois sabe-se que sua eficácia relacionada a desinfecção de superfícies está ligada a fricção do produto, sendo difícil de ser realizada nas cerdas das escovas.
Recomenda-se o empenho e dedicação para um bom acondicionamento das escovas dentais em local arejado e livre de contaminação e a sua substituição periódica a cada dois ou três meses, assim que você perceber sinais de desgaste das cerdas, ou ainda se aparecer sinais de gripe ou resfriado. E lembre-se não emprestar a escova de dente para outra pessoa, mesmo sendo da família, sempre uso individual.
Fontes bibliográficas:
1)https://socesp.org.br/publico/qualidade-de-vida/odontologia/orientacoes-de-higiene-bucal-em-tempos-de-coronavirus/;
2)Utilização do hipoclorito de sódio na descontaminação de escovas dentais: estudo in vitro. Busato, Claudia de Abreu; Cavazzola, Alexandre Sabatini; Ortega, Adriana de Oliveira Lira; Guaré, Renata de Oliveira; Saleh Neto, Ali. Rev. odontol. UNESP (Online) .2018.
3)Análise in vitro da desinfecção de escovas dentais por substâncias com potencial antimicrobiano. Neves, Erick Tássio Barbosa; Monteiro, Erik Lafitt Tavares; Silva, Diego Romário; Perazzo, Matheus França; Lima, Zilka Nanes; Cavalcanti, Alessandro Leite. Arch. Health Invest ; 7(10): 415-419, out. 2018.
4) https://portal.fiocruz.br/pergunta/quanto-tempo-o-coronavirus-permanece-ativo-em-diferentes-superficies. 16/06/2020.
